raposa do sol

"lá de longe em longe o dia amanhece diferente. que o digam os índios da reserva indígena da raposa do sol no estado de roraima, ao norte do brasil, a quem o supremo tribunal federal acaba de reconhecer e confirmar definitivamente o seu direito à plena posse e ao uso pleno dos mil quilómetros quadrados de superfície da reserva. a sentença não deixa qualquer margem a dúvidas: os não índios devem sair imediatamente da raposa do sol, assim como as empresas arrozeiras que durante anos invadiram o território e nele se instalaram abusivamente. já em 2005 o presidente lula havia decidido a entrega da reserva aos indígenas e a saída das empresas arrozeiras, mas as autoridades do estado de roraima, favoráveis aos arrozeiros, recorreram ao supremo tribunal por considerarem inconstitucional o decreto presidencial. quatro anos depois o supremo decide a questão e põe uma definitiva pedra sobre o assunto. nem tudo, porém, são rosas neste idílico quadro. afinal, a luta de classes, tão discutida em épocas relativamente recentes e que parecia haver sido condenada ao caixote do lixo da história, existe mesmo. com esta visão unilateral que temos, nós, os europeus, dos problemas sociais da américa latino, tendemos a ver unanimidades onde elas não existem nem existiram nunca. na raposa do sol, os índios endinheirados, que também lá os há, fizeram causa comum com os não índios e com as empresas arrozeiras. a festa foi dos outros, dos pobres.

cá para baixo, na cidade maravilhosa, a do samba e do carnaval, a situação não está melhor. a ideia, agora, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. tivemos o muro de berlim, temos os muros da palestina, agora os do rio. entretanto, o crime organizado campeia por toda a parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de estado e na sociedade em geral. a corrupção parece imbatível. que fazer?"

se quizer dizer, diga...

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