caravana

"a paz, o amor, a verdade
presente, mañana, corazón"

rua do desequilíbrio

"que importa o sentido
se tudo vibra?"
alice ruiz

hotel


ausência


"caí em meu patético período de desligamento. muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. sou educado. balanço a cabeça. finjo entender, porque não quero magoar ninguém. este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. deixa pra lá. meu cérebro se tranca. eu escuto. eu respondo. e eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali.”

charles bukowisk

emicida


"nossa causa é muito maior que a nossa vida. pelo povo, sempre."

um mobile solto no furacão


"quando a âncora do meu navio
encosta no fundo, no chão
imediatamente se acende o pavio
e detona-se minha explosão
que me ativa, me lança pra longe
pra outros lugares, pra novos presentes
ninguém me sente..."


do colégio batista para a floresta


santiago ou mundo

pão
aula de inglês
vestidos
carona
bicicleta
bandeirola
tênis adidas
festa
leite condensado
livros
padre
fogueira
chuva
campo de futebol.
machuca, com a primeira letra maiúscula.


clavícula

as suas funções são atuar como suporte na manutenção do membro superior livre do tronco, de forma que haja máxima liberdade de ação, fornecer fixações para os músculos e transmitir forças do membro superior para o esqueleto axial. por vezes isto dói. outras, não.

comala

pedro páramo - juan rulfo

massacre

                                 
      do faro que parte                                 
      d da parte que cabe            
                                         da falta da luz  
     ouvido de cobre                            
  direita sem teto             
                                                parte da ponta         
            gosto de pedra            
         o ferro na testa          
                               explode     

é hoje


"além de flores, nada mais vai no caixão"
wilson batista e josé batista

pontal

              migrar
        dançar
   fluir

pernas

gonzaguinha

é que ando querendo umas coisas.
é um inferno, não paro de andar.
editando  flavio cafiero

reveillon

alexander mcqueen

presente cotidiano



tá tudo solto na plataforma do ar
tá tudo aí, tá tudo aí
quem vai querer comprar banana
quem vai querer comprar a lama
quem vai querer comprar a grana
tá tudo solto por aí
tá tudo assim, tá tudo assim
quem quer morrer de amor se engana
momentos são, momentos drama
o corpo é natural da cama
vou caminhar um pouco mais atrás da lua
vou caminhar um pouco mais atrás da rua
mas tudo voa por aí, na asa de um avião
no bico de um pássaro daqui
mas tudo gira, ai de mim
a bola e o pião
menina em meu coração
tá tudo solta na feira, nobre lugar
tá tão ruim, tá tão ruim
quem vai querer comprar banana
quem vai querer comprar banana
quem vai querer comprar...

quem vai querer comprar banana
quem, olha banana, quem

luiz melodia no ouvido enquanto descia o colégio batista

recomeço


era uma vez um rapaz que tinha acabado.
e, no dia seguinte, um novo rapaz aparecia.
sem respostas para as perguntas.

espreita

foto do guto borges

trecho


"onda para na pedra
pedra não segura mar
quem segura mar é lua 
num agrado pra iemanjá

liberdade é um bairro 
que a alma quer visitar 
lave a boca, limpe os pés 
na pisa que for levar"
kleber cavalcante gomes, criolo

pousar

linha do horizonte [azymuth] - por mr. beatnick

por um lindésimo de segundo

 tudo em mim 
anda a mil
       tudo assim 
tudo por um fio
       tudo feito 
tudo estivesse no cio
       tudo pisando macio 
tudo psiu

       tudo em minha volta 
anda às tontas
       como se as coisas 
fossem todas
       afinal de contas

paulo leminski

andares

foto do dedé >> www.andrebaumecker.com

oxigênio


"e em cada homem existem dois que dançam: o esquerdo e o direito. o primeiro dançarino é o da direita, o outro é o da esquerda. dois pulmões dançarinos. dois pulmões. o pulmão direito e o pulmão esquerdo. e em cada homem existem dois que dançam: seu pulmão esquerdo e seu pulmão direito. os pulmões dançam, o homem recebe oxigênio. se pegarmos uma pá e batemos no homem no nível do peito, então os dançarinos param. os pulmões não dançam mais, o oxigênio não chega mais."

do caule

missiva

andar de balão sem espirrar
pode ser um truque ou uma vontade
regar as plantas do rodapé da noite
um doce que se desfaz diariamente
refaz ao longo toque da água
entrar entre o portão e a escada
cães sempre respondem presente
tapete que roubou do dia o tom
amanhã penetra nuvens
voam chapéus e algumas folhas
ligeiro som nos dois ouvidos
barulho que se esconde atrás dos dentes
"- quer ouvir um segredo?
- se você quiser contar...
- matei um industrial e estou fugindo com o cadáver na minha mala... agora que te contei talvez eu tenha que fazer o mesmo com você..."
claro que é mentira
é um truque


floresta

dá-lhe!


nascedouro
abrindo os olhos pra tudo que brilha, tudo que brilha
mas nem só de ouro, nem só de ouro
acende a vida e inicia o grande drama
apressado e sem ensaio
sangrando uma vez por dia e nascendo de novo
aprendendo no jogo
e ainda digo que
que nem só de ouro, nem só de ouro
é preciso pra viver
ladeira descendo e ainda dizer

quem não vai torcer
pro coração bater
dá-lhe viver!
dá-lhe viver!

e quem não vai torcer
pro coração bater
dá-lhe viver!
dá-lhe viver!
nascedouro/nacão zumbi

o mistério do planeta

o som dá umas estouradas...
paulinho boca de cantor + curumin

vida

esses dias estive com uma pessoa muito velha, mas com ótima saúde e aparência. o problema é que é uma pessoa extremamente vaidosa, com toques racistas, traços de ódio pela família que aparecem quase involuntariamente e um vasto leque de preconceitos e idiossincrasias bobas. enquanto conversava com ele, tive uma visão horrível, que me assusta até agora: pensei que ele era idêntico a uma barata que sofreu um pisão e que agoniza histericamente pela vida, girando em falso e gratuitamente. a única diferença entre ele e a barata era que essa pessoa era dotada de voz e algum tipo de pensamento. penso que, para que não nos tornemos baratas desesperadas, é preciso aprender sempre e cada vez mais a desapegar-se de si e da vida. acredito que seja a única coisa que realmente nos separa das baratas. só desapegando-se da vida, poderemos viver humanamente, sem lutarmos doidamente contra a morte.

n´água

gordon downs


segismundo


es verdad; pues reprimamos
            esta fiera condición,
            esta furia, esta ambición,
            por si alguna vez soñamos;
            y sí haremos, pues estamos
            en mundo tan singular,
            que el vivir sólo es soñar;
            y la experiencia me enseña
            que el hombre que vive, sueña
            lo que es, hasta despertar.
               sueña el rey que es rey, y vive
            con este engaño mandando,
            disponiendo y gobernando;
            y este aplauso, que recibe
            prestado, en el viento escribe,
            y en cenizas le convierte
            la muerte, ¡desdicha fuerte!
            ¿que hay quien intente reinar,
            viendo que ha de despertar
            en el sueño de la muerte!
               sueña el rico en su riqueza,
            que más cuidados le ofrece;
            sueña el pobre que padece
            su miseria y su pobreza;
            sueña el que a medrar empieza,
            sueña el que afana y pretende,
            sueña el que agravia y ofende,
            y en el mundo, en conclusión,
            todos sueñan lo que son,
            aunque ninguno lo entiende.
               yo sueño que estoy aquí
            de estas prisiones cargado,
            y soñé que en otro estado
            más lisonjero me vi.
            ¿qué es la vida?  un frenesí.
            ¿qué es la vida?  una ilusión,
            una sombra, una ficción,
            y el mayor bien es pequeño;
            que toda la vida es sueño,
            y los sueños, sueños son.

fim do segundo ato. a vida é sonho - calderón de la barca

fa bia

obá iná


abram caminho para o rei
sorriam em vez de se curvar
ele é justiça, ele é a lei
que fez pra nos levantar
pra nos por de pé, nos erguer
e lançar pra orum nosso olhar
não há justiça se há sofrer
não há justiça se há temor
e se a gente sempre se curvar

kaô kabiecilé
xangô ibá iná

abram caminho para o rei
que se anuncia em um trovão
e bravo escreve o que errei
cuspindo fogo pro chão
labareda pra me consertar
fogo pra me aquecer de perdão
não há justiça sem ceder
não há justiça sem amor
e se a gente nunca se entregar

kaô kabiecilé
xangô obá iná

repetindo


fita amarela (noel rosa) - por leandro araújo (l_ar) e romulo fróes

        de colchão em colchão
     chego à conclusão
meu lar é no chão
paulo leminsk

fecho eclair


presente

não existe tempo verbal mais bonito do que o raro particípio presente, que conjuga o passado, representado pelo particípio, ao presente em movimento. palavras como poente, nascente, lente, movente, paciente, doente designam o processo mesmo, enquanto acontece, mas já antevêem o final; aquilo logo será passado. por essa mesma razão, porque o processo em breve acabará, elas são também confundidas com adjetivos. como se indicassem estados e não processos. como se o processo se escondesse lá dentro do verbo imperceptível.

é pois.

começa brusco, né!? marcelo camelo

esticando o barbante


a beleza da tortidão na parede marcada internamente pela chuva.
o cão que late na madrugada fazendo duetos com os periquitos insones.
o vidro solto na janela, os passos vindos da escada.
vento que canta junho e passa gosto de setembro.
pículas pausas dos sons, lumens atrevidos disfarçados vagos.
foguete no morro. feliz ano novo.

caminho



aí em cima já fala. wado "feat." zeca baleiro. si próprio. bom né!?

o tempo em que soltávamos papagaio


tradutora e homem 3

homem 3: salveguardo solesmos
tradutora: primeiramente boa noite
h: confrange falar
t: é sempre difícil começar
h: no osso custa fazer e solapar
t: no início tudo parece mesmo difícil
h: no tráqueo, sempre que esfolava o cálcio tenro das mínimas, clamava que não solaparia a soma.
t: quando era pequeno, sempre que via o primeiro capítulo das novelas, achava que nunca me
acostumaria com a história
h: dessa forma se dão as placas que figuro.
t: assim também é com as palestras que assisto
h: no osso
t: no inicio
h: intuo tudo por demais outro
t: acho tudo muito estrangeiro
h: a farpa bonita da garganta
t: a língua de quem fala
h: o ressonador da harpa
t: o timbre da voz
h: a pele de pano
t: as roupas.
h: em seguida me habituo
t: mas depois me acostumo
h: [para o público] embagam? embagam?
t: vocês estão me ouvindo bem?
h: jorro por estar neste lugar
t: estou muito feliz de estar aqui
h: de estar por entre máximas que considero
t: de estar aqui no meio de pessoas cujos trabalhos tenho tanta admiração.
h: [para tradutora] no osso, não pensei que poderia me ouvir em você
t: quando comecei meus estudos sobre a infância, não imaginava que algum dia ia ser traduzido pela senhora,
h: cobertor do cais na terra
t: nata da palavra no mundo.
h: [para ela] lia tuas descobertas e pensava em como podia ser tanto no tanto da terra
t: quando eu era garoto lia as matérias de jornal sobre a senhora e ficava imaginando como devia ser saber quase todos os idiomas do mundo.
h: como poderia situar em todos os lugares desta forma
t: como devia ser navegar sem fronteiras pelas palavras
h: das púbilas fregueiras sem que pontas vilassem
t: assim como quem pega um veleiro e desbrava o mundo sem molhar os pés,
h: mas únicos trincos
t: mas somente os dentes
h:[para ela] és saber
t: a senhora é um gênio
h:[para ela] és dona de saber
t: a senhora é mestra
h:[para ela] água pura
t: raridade
h:[para ela] meu peito está solene por cavalgar por tu
t: que orgulho de ouvir minhas palavras filtradas por vossa boca
h: minha terra te agradece e reza porque nos invadiu.
t: meu país tem adoração pela senhora pois foi a única estrangeira a conseguir falar nosso idioma e assim traduziu o mundo para nossa ilha, e também nossa ilha pode ser ouvida por todos.

h:[para ela] deveria ser virada ao avesso
t: a senhora deve ser estudada
h: preciso que batam em si, que batam em si mesmos
t: eu gostaria de pedir para meus colegas uma salva de palmas para a senhora
[aplausos]
h: …e se falo isso é porque o início de tudo foi só coração. nunca imaginei que me adestraria
t: ... e quando eu digo que não imaginava integrar um encontro como esse é porque meus estudos começaram por simples admiração pelas crianças. nunca imaginei que algum dia teriam importância oficial.
h: as manhãs são ricas
t: as infâncias são cheias de histórias interessantes
h: [aponta pra si] aqui
t: eu mesmo,
h: recordo minhas provocações
t: me lembro que falava muitos palavrões quando pequeno
h: e
t: então
h: pois bem
t: um dia
h: mamãe me contou historietas
t: minha mãe me disse que as palavras eram de vidro.
h: nem ouvi
t: eu não acreditei
h: mas de disse contundente uma que não esqueço, que me acabou pegando
t: mas ela me explicou seriamente que havia uma substancia no céu da boca que com o tempo ia se transformando em vidro
h: se saboreasse errado engoliria o erro
t: e que se eu não me acostumasse a ter cuidado ao falar, minha boca ia começar a sangrar.
h: e nesse pois bem
t: e foi por esse motivo
h: nesse ingênuo pois bem
t: esse motivo inocente
h: comecei a mastigar o amor
t: que passei a falar com mais doçura.
h: encanta-me isso
t: isso me agrada na infância
h: tipo de secreção espontânea
t: essa espécie de pureza
h: seus botões
t: seu detalhes
h: essa borboleta das manhãs
t: o olhar das crianças
h: como amanhecem
t: como são, como caminham
h: como brilham, como ajeitam a vida nas costas já cedo, com um jeito torto
t: a forma como carregam suas mochilas pesadas logo pela manhã, desajeitados
h: como suas costas lhe são agéis
t: a forma como sobem nos troncos das árvores
h: a coragem inocente do desejo
t: a forma como sobem nas mais altas para recuperarem seus papagaios.
grace passô. processo do congresso internacional do medo

deuses

passeando - marcelo camelo

manhã

chamemos-lhe manhã. quando da cama saltas a energia ao máximo. as ideias tensas, fortes, sentidas. a destreza afinada. a vontade, simplesmente, de conquistar o mundo.

erasmão

intramuscular

vírus, virose
ninguém sabe de onde veio
deixou tudo guardado numa caixinha.
tudo que estava vindo azul e ventilado teve uma pausa
dor na coluna, atrás dos olhos, nas juntas
pausa para o soro e benzetacil
amanhã a porta vai se abrir
a cidade estará nublada
breve surpesa. não acompanhei a mudança
houve?

pra quê gol?

tarde de segunda

centros fechados, pessoas na rua.
proteger os moradores da calçada é afronta aos "verdadeiros proprietários da quadra".
do quarteirão na floresta ao bairro no pé da serra.
é... o buraco é mais embaixo, e grande.

cuando tengo comida en mis manos

mês

"o que você quer da vida?"
encerramento do núcleo

tempos a frente

bloquearam esta postagem...
vai saber.
a.

o deus que devasta mas também cura

um vídeo de celular
retrata um dia depois
o caos de um dia atroz
quando a cidade parou
por causa da fúria de um deus
que fez ainda pior
muito assustadoramente
revirou gavetas, onde amor e letras
em fotografias é o que nos valia e nos aquecia

carro sobre o alambrado
pista coberta de barro
bancos e escolas fechados
quando a cidade parou
por causa da fúria de um deus
que fez ainda pior
muito assustadoramente
revirou a casa, esvaziou o armário e levou a mala
para sabe alguém aonde isso dá?

há de florescer o jardim de plantas e papéis
essa luz sobre o jardim vem de uma estrela
ó sol! proteja o menino
maravilha incasável de dengue, gui amabis e lucas santtana 

quase esquina

"Somos todos loucos nesta mesa, mas cada um à sua maneira."
Rubem Fonseca

pra rua.

trinta e três

ainda não sei bem qual a distância que os pés devem percorrer para obter o máximo prazer neste mundo. nem sei bem quais as palavras que abrem portas e fechaduras. ainda não sei bem o tamanho do amor, muito menos o que significa a imensidão dos mais pequenos sentimentos. no fundo, foram apenas trinta e três anos. dois passos de criança, um sorriso sincero, uma mão à procura de um lugar onde me amparar.

vai. foi.

quase fim do mundo

Meu errante não fazer nada vive e se solta pela variedade da noite.
A noite é uma festa longa e solitária.
Em meu coração secreto eu me justifico e celebro: Testemunhei o mundo; confessei a estranheza do mundo.
Cantei o eterno: a clara lua volvedora e as faces que o amor enseja.
Comemorei com versos a cidade que me cerca e os arrabaldes que se apartam.
Disse assombro onde outros dizem apenas hábito.
Diante da canção dos tíbios, acendi minha voz em poentes.
Exaltei e cantei os antepassados de meu sangue e os antepassados de meus sonhos.
Fui e sou.
Travei com palavras firmes roeu sentimento que pode ter se dissipado em ternura.
A lembrança de uma antiga vileza volta a meu coração. Como o cavalo morto que a maré inflige à praia, volta a meu coração.
Ainda estão a meu lado, no entanto, as ruas e a lua.
A água continua sendo doce em minha boca e as estrofes não me negam sua graça.
Sinto o pavor da beleza; quem se atreverá a condenar-me se esta grande lua de minha solidão me perdoa?
insone, na folia, com jorge luis borges

santa

necropolis cristóbal colón - havana/cu

copião

olhou pro azul
os animais brincavam naquele fundo
uma infinidade de reticências
resoluto
tudo que tenho trago comigo
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